Vovó Onça Contadora de Histórias
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Textos
Nas margens do velho Chico
Na noite calma e fria  
Minha canoa desliza
Nas águas do velho rio
Minhas calejadas mãos  
Outrora delicadas e macias
Seguram agora um arpão  
No caminho da luz da lua
Um risco negro na água
faz meus olhos espiar  
Ja chegou a hora certa
De levantar, mirar e atirar
Pro arpão trazer o jantar
Uma vez a presa morta
Miro as etrelas no céu  
Pra saber que rumo tomar
O fogo que logo avisto
De lenha no fogareiro  
Foi o farol pra mim voltar
Na porta do velho casebre  
Um ponto negro reluz
Do meu cão a  me  esperar  
Antes corria e banava o rabo
Jeito de me cumprimentar  
Hoje só sabe me cheirar
Uma grande onça pintada
Numa noite de espreita  
Meu cão ela enfrentou
Pra num deixar ele morrer
Pulei na frente da danada
E numa facãozada eu matei
De velhice meu cão ficou  cego
E não da conta de me acompanhar
Passo as noites matutando  
Nas estripulias que já passamos
Meu fiel amigo escuta  calado
As histórias que vou lhe contando
A coitada  era tão bonita
Que minha alma ficou aflita
Jurei nunca mais caçar  
Agora aqui com meu cão
Dormindo na rede e sem risco  
Fico esperando a vida passar
Nas margens do velho Chico

Poetizadora: Helena Bernardes
Em: 27/09/2012
Vovó Onça Contadora de Histórias
Enviado por Vovó Onça Contadora de Histórias em 20/02/2013
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