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A Magia do Tanka
Escrever é, para muitos, uma forma de escapar para um mundo à parte, onde a realidade se mistura com os sentimentos e a imaginação. Mas, para aqueles que buscam o minimalismo e a profundidade ao mesmo tempo, a poesia japonesa oferece uma forma singular de expressão: o tanka.

Com sua estrutura simples de 31 sílabas — divididas em cinco versos de 5-7-5-7-7 sílabas —, o tanka é uma janela para a alma, uma maneira de condensar emoções complexas em poucas palavras. Ao contrário do haicai, que foca na natureza e nas estações do ano, o tanka permite um mergulho profundo nas emoções humanas. Ele pode falar de amor, de saudade, de reflexões sobre a vida, e até da efemeridade das coisas. E isso tudo sem pressa, no ritmo tranquilo de uma poesia que convida ao silêncio e à contemplação.

Escrever tanka é, antes de tudo, uma experiência de observar o mundo com outros olhos. Cada sílaba ganha peso, cada palavra se torna significativa. Na estrutura do tanka, o poeta tem liberdade para dar vazão ao seu sentimento, seja ele de melancolia, alegria, ou até mesmo de encantamento com a natureza ao redor. Mas ao mesmo tempo, essa liberdade vem com um desafio: como dizer muito com tão pouco?

Aqui está um exemplo de tanka que fiz recentemente:

> O céu da manhã,
se veste em tons dourados,
mas o frio toca.
Sinto a brisa em meu rosto,
lembrança que o tempo traz.

Este tanka tenta capturar a dualidade do momento — a beleza do amanhecer e a sensação de frio que o acompanha, trazendo à tona a sensação de que o tempo, mesmo passando, sempre deixa sua marca.

O tanka é um convite à introspecção. Ele pode ser simples, mas também é capaz de carregar em si a complexidade do ser humano. Ao escrever tanka, o poeta tem a oportunidade de explorar não só a natureza e o mundo exterior, mas também os recônditos de seu próprio coração. Cada verso é uma pincelada de sentimento, cada linha, um suspiro da alma.

Além disso, o tanka é uma forma de poesia que permite que o leitor se envolva ativamente. Ele deixa espaço para a interpretação, para que o leitor complete, em sua mente, o que não foi dito explicitamente. Como se cada tanka fosse uma porta aberta para múltiplas leituras, dependendo do estado de espírito de quem o lê.

Ensinar tanka não é apenas passar uma fórmula de versos 5-7-5-7-7, mas também transmitir a beleza de olhar o mundo de maneira atenta e delicada. É ensinar a escrever não apenas com as palavras, mas com o coração. Para aqueles que buscam essa poesia em sua forma mais pura, o tanka é um convite a desacelerar, a viver o presente de forma plena.

Agora, eu compartilho com vocês este novo caminho. Um novo projeto de livro está tomando forma, e parte dele será inspirado no tanka, essa forma poética tão encantadora. Quero, através das palavras, levar um pouco dessa sensibilidade para quem me acompanha. E sou grata, profundamente, por todo o carinho que recebi nos últimos tempos, seja nos comentários, seja nas postagens destacadas. Esse apoio tem sido combustível para seguir criando e compartilhando com todos vocês.

A poesia é uma jornada. E eu convido vocês a seguir comigo nesse caminho, onde as palavras, mesmo poucas, podem se transformar em grandes sentimentos. E, como no tanka, aprenderemos juntos a dizer mais com menos.
Helena Bernardes
27 nov 2024
Vovó Onça Contadora de Histórias
Enviado por Vovó Onça Contadora de Histórias em 28/11/2024
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